Se por um lado temos estimulado o consumidor a essa forma de compra por impulso, temos que lembrar que o nível de exigência dos clientes também tem aumentado
Por Claudio Tieghi*
O crescimento efervescente do mercado de compras coletivas no Brasil coloca à prova não apenas o poder do consumidor, mas, principalmente, a capacidade de inovação dos pequenos empreendedores. Temos que considerar que, cada vez mais, nos deparamos com clientes exigentes e antenados às questões da sustentabilidade. Não é apenas o preço o requisito decisivo no processo da compra de um produto, mas também seu valor agregado. Significa que o olhar do consumidor vai além do item adquirido. Em meu artigo publicado no mês anterior, chamei a atenção para tal priorização dos relacionamentos nos processos de compra e venda e para a tendência de valorização de produtos mais sustentáveis e saudáveis.
E como fica tudo isso no contexto das compras coletivas? É incontestável que há nessa nova modalidade de negócios um mundo de oportunidades. Os reflexos do maior crescimento da economia registrado em nosso país nos últimos 20 anos revelam a tendência de crescimento do e-commerce. Afinal, esse tipo de empreendimento dita um novo modelo de negócios, por estimular uma atitude de compra rápida e por impulso dos consumidores. Assim, o que os sites de compras coletivas vêm nos mostrar e provar é a força de grupo e a novidade do estilo de empreendimento.
No entanto, não podemos esquecer que, se por um lado temos estimulado o consumidor a essa forma de compra por impulso, temos que lembrar que o nível de exigência dos clientes também tem aumentado. E não é apenas o preço o único fator decisivo no ato da compra. A última pesquisa divulgada pelo Instituto Akatu ressalta a considerável expectativa do consumidor brasileiro em relação à forma como as empresas lidam com as questões sociais e ambientais. De acordo com o estudo, essa percepção faz parte do processo de compra do cliente, também atrelado à qualidade do produto e à reputação das marcas.
Para os pequenos empresários, as compras coletivas exigem um grande exercício de viabilidade econômica e, mais do que isso, uma visão empreendedora de que o comércio eletrônico deve ser encarado da mesma forma que um empreendimento físico: ter um planejamento detalhado com definição de estratégias de marketing, preparação de equipes, clareza, ética e transparência. Sem contar a inovação, rapidez e criatividade, que são as molas propulsoras desse modelo virtual de negócio.
É fato que a oportunidade de divulgação rápida de produtos e serviços é singular. Em segundos, milhares de pessoas acessam conteúdos que, no passado, ficariam restritos às localidades próximas às lojas. No entanto, ainda esbarramos em um dos pontos-chave para que o modelo virtual realmente decole no Brasil: a confiança entre a loja e o consumidor. Já demos passos importantes na questão e o e-commerce cresce exponencialmente. Mas é importante ressaltar que, apesar desse crescimento, o consumidor brasileiro ainda não confia 100% nas transações online. Muitos consultam os sites para ter conhecimento dos produtos, mas ainda preferem conferir pessoalmente o que vão comprar.
Talvez, por esse aspecto, o e-commerce seja também uma forma de atrair consumidores para os pontos de venda, enquanto o comércio eletrônico não consegue firmar sua relação de confiança com seus clientes de modo a fazê-los consumir apenas pelos sites. Incorporar a sustentabilidade também no empreendimento virtual é uma forma de começar essa difícil conquista da confiança do consumidor.
E essa relação de confiança já é inerente para muitas marcas de franquias. Algumas, além da relação com o consumidor, já desenvolvem ações sustentáveis com os seus produtos. Porém, o que falta para tantas outras é exatamente abrir o canal de vendas pela internet. Com a faca e o queijo na mão, isto é, com o negócio consolidado, o sucesso das franquias na internet, por meio de um e-commerce, será quase garantido.
*Claudio Tieghi é presidente da Associação Franquia Sustentável (Afras) e diretor de Responsabilidade Social do grupo Multi Holding
Fonte: PEGN
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