Quase três meses após a tragédia de 12 de janeiro os moradores de Córrego Dantas ainda sofrem com o descaso. O bairro foi o mais afetado pelas chuvas e os trabalhos de limpeza não acompanham as dificuldades da localidade. Lama, areia e entulho ainda tomam conta da maioria das ruas, serviços essenciais como luz, água e telefonia ainda estão com problemas. Para amenizar a questão do acesso, moradores construíram uma ponte improvisada, sem segurança, na parte baixa por onde passa o rio e a Associação de Moradores se empenha em encaminhar ofícios à Prefeitura de Nova Friburgo e à Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), na tentativa de conseguir melhorias.
A instabilidade do local tem deixado os moradores apreensivos, principalmente com a constante ocorrência de chuvas, que mesmo moderadas causam deslizamentos de barreiras e fazem com que o entulho retirado volte ao rio. Segundo o vice presidente da Associação de Moradores do Bairro de Córrego Dantas, Rafael Rosa Santos, com a retirada da areia que estava impedindo a passagem do rio não tem havido alagamentos, mas os deslizamentos são constantes. Com a chuva do fim de semana passado uma pedra rolou do alto de uma pedreira, assustando os moradores. “A pedra rolou por volta de 11h do domingo, com sol quente e pessoal achou até que fosse trovoada, eu acho que o solo secou e ela desprendeu. Aqui choveu bastante, não deu problema de enchente, mas está tudo muito frágil” – diz Rafael.
A associação tem procurado cobrar melhorias junto à Secretaria de Obras e à Emop, solicitando a reconstrução do bairro, obras emergenciais, vistorias para as casas, laudos sobre as pedras no alto das encostas. Além disso, as pessoas têm se manifestado contra as empresas responsáveis pelo fornecimento de luz, água e telefone, já que em muitas residências ainda há problemas no recebimento. A coleta de lixo também não tem sido feita em todo o bairro pela dificuldade de passagem para os caminhões, que chegam a atolar com a quantidade de lama existente.
De acordo com Rafael, a Defesa Civil já começou a demarcar as casas que na beira do rio que terão que ser demolidas. Assim como empresas têm trabalhado na retirada de areia e entulho para dar vazão a água, mas esse trabalho só ameniza a situação, já que nenhuma obra foi iniciada até agora. Enquanto isso, os moradores se arriscam na tentativa de voltar à normalidade, tendo construído uma pinguela que dá acesso à Rua Newton Braga Melo, na parte baixa da localidade, já que com a lama fica inviável outro trajeto pelos pedestres. “Foram os próprios moradores que fizeram porque a ponte que tinha ali quebrou, então não tem acesso” – explica o vice presidente da associação.
Para o coordenador administrativo da Emop, Jorge Alves, a situação do bairro é delicada e para que a limpeza seja feita são necessárias obras de contenção, desassoreamento do rio, retirada da areia e do entulho que estão amontoados por toda a localidade para outro lugar, já que a chuva arrasta esse material de volta para o rio e as ruas. Segundo ele, isso não é simples, já que primeiro a Prefeitura precisa encontrar um local depositar esse material e depende de verba federal para realização das obras de reconstrução.
Na tentativa de chamar a atenção para a situação do bairro, os moradores realizaram uma manifestação no dia 3 deste mês, na qual fecharam com caixas de madeira, galhos e móveis as duas vias da RJ 130 – Estrada Friburgo-Teresópolis. Na ocasião, o secretário de Obras, Hélio Gonçalves, esteve no local juntamente com o prefeito licenciado Dermeval Barboza Moreira Neto e o secretário de Planejamento, Desenvolvimento Econômico e Projetos Especiais, Olney Botelho e disse estar planejando a realização de um consórcio com empresas para melhorar o andamento das obras no bairro e declarou: “A gente está tentando tomar algumas medidas imediatas até virem os projetos grandes que estão sendo feitos para aquela região. Se der tudo certo, vamos fazer isso o quanto antes”.
Fonte: Nova Imprensa
Nota do Editor: Pouco se comenta, mas é claro alertar: sempre após as consequências das fortes chuvas vem a conseguência do forte calor. O que o morador diz na matéria do Jornal Nova Imprensa, de Nova Friburgo, é uma verdade pouco difundida. Com o ressecamento do solo, afetado pelo enxarcamento, a abertura de fissuras (ou rachaduras) é mais que certa, ocasionando, da mesma forma, desbarrancamento, desmoronamento, enfim, outros problemas.
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