sábado, 2 de abril de 2011

Corrida de obstáculos

Pesquisa do Banco Mundial revela ranking de como 183 países lidam com a burocracia necessária para abrir e gerir um negócio. Conheça os resultados e entenda por que é tão difícil empreender no Brasil

Por Rafael Farias Teixeira

Quem decide abrir um negócio no Brasil logo descobre que não está diante de uma tarefa simples. Em termos burocráticos e legislativos, esse caminho se parece mais com uma pista de obstáculos. A divulgação da pesquisa “Doing Business 2011”, do Banco Mundial, em novembro deste ano, joga uma luz sobre a situação brasileira, mostrando como o jeito de fazer negócios no Brasil difere do que é praticado em outros países. Avaliando os resultados da pesquisa, fica fácil perceber o quanto uma regulamentação onerosa e lenta pode prejudicar as empresas iniciantes.

Criado em 2003 e realizado anualmente pelo Banco Mundial, o estudo avalia a regulamentação e a burocracia relevantes para o ciclo de vida de uma empresa de pequeno e médio porte em 183 economias mundiais. Na pesquisa, esse ciclo foi dividido em nove passos. O relatório de 2011, intitulado “Making a Difference for Entrepreneurs” (“Fazendo a diferença para empreendedores”), foi elaborado com base no trabalho de 8.200 profissionais legais: eles executaram cada um dos procedimentos exigidos nos nove passos. Depois, fizeram uma ampla análise, diagnosticando os problemas mais graves e sugerindo reformas.

Neste ano, assim como nos cinco anteriores, Cingapura ocupou o primeiro lugar entre os países onde é mais fácil abrir e gerir um negócio. O Cazaquistão foi o país que mais fez reformas em sua legislação, passando do 74 lugar para o 59. O Brasil também mudou seu ranking, só que em sentido inverso, caindo três posições e ficando no 127 lugar. “Para melhorar a situação, é preciso integrar os três níveis federativos: o municipal, o estadual e o federal”, diz Bruno Quick, gerente da Unidade de Políticas Públicas do Sebrae. “Para o cidadão, não importa em que nível um problema precisa ser resolvido, desde que o processo seja rápido.”

A revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios analisou os nove indicadores utilizados pela pesquisa, mostrando como o Brasil lida com eles e quais as lições que podem ser aprendidas com os primeiros colocados em cada quesito.

Um país no caminho certo


Na opinião de Jean Michel Lobet, especialista do Banco Mundial e coautor da pesquisa, é possível ver uma melhora na situação brasileira. “É preciso perceber que a queda de colocação do Brasil não significa que o país esteja piorando, apenas que outros países fizeram mais reformas nesse setor”, diz. “O Brasil tem facilitado a abertura de negócios por meios digitais, o que é animador.” Lobet acredita, porém, que o país tem muito a aprender com os primeiros colocados. “Uma das características mais importantes desses países é que eles pensaram a longo prazo. Começaram com reformas simples e foram evoluindo com o tempo. Também é bom lembrar que todo país é diferente e tem prioridades específicas. Então, é preciso adaptar essas lições à realidade brasileira.”

Fonte: PEGN

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente livremente, mas sem abusar do critério da livre escolha de palavras. Assuntos pessoais poderão ser excluídos. Mantenha-se analítico e detenha-se ao aspecto profissional do assunto em pauta.