sábado, 7 de maio de 2011

A Carreira Escolhida pela Alma

* Nicolai Cursino

Quando você procura uma carreira, você espera encontrar o quê?

Procura uma atividade onde você possa ser bom e reconhecido como destaque naquilo que faz? Onde as pessoas poderão admirar seus resultados e suas competências e então você pode voltar para casa acreditando em seu valor?

Ou você procura prazer, leveza, diversão? Um dia a dia onde você possa se pegar surpreso por como as horas passam rápido em meio a pessoas agradáveis e envolvido em projetos que muitas vezes mais parecem um hobby do que de uma obrigação? Será que isso existe além dos palcos de teatro e dos campos de futebol? Isso é importante para você?

Ou será que o que mais importa é ter a certeza absoluta de todas as suas contas serão pagas, que não haverá surpresas ou dores de cabeça ameaçadoras, que poderiam afetar a vida de sua família, a mensalidade de sua faculdade ou mesmo aquela escolinha de futebol do seu filho, que é claro, é cobrada a parte.

E o que me diz de aprendizado, curiosidade? Sabe aquelas pessoas que não se importam se estão ganhando pouco ou se estão em um cargo importante, mas sim se podem se dedicar a pesquisar e aprender sobre aquilo que gostam. Desde os hábitos alimentares dos antigos dinossauros até a complexa e fascinante marcha dos pinguins. O que parece loucura para uns, é na verdade a coisa que mais importa para outros.

Também há momentos onde o que se procura é a sobrevivência. A renda extra que permite o investimento no sonho das horas vagas. Fazer a coisa errada, mas estar no lugar certo. Para poder estar próximo do que deseja ser, mesmo que não seja agora. Sacrifício como ponte para algo maior.

Confesso que levou muito tempo para eu tivesse de fato a idéia do que é importante para mim no trabalho. Eu não saberia dizer há anos atrás, qual mistura exata dos componentes acima me mantinha na empresa onde eu estava fazendo o que eu fazia. Eu sabia que gostava, mas não sabia por quê.

Quando aos dezoito anos fui aprovado nos vestibulares de engenharia do ITA, USP e UNICAMP, enfrentei uma enorme pressão quase pública para me tornar um homem das exatas. Afinal, se você é tão bom nisso, é aí que você deveria investir, não é verdade?

Mas você pode ser bom em algo e não ser isso que você quer fazer? Você pode ser bom em algo, mas isso não tocar o seu coração, ou simplesmente essa não ser sua escolha? Será que a sua habilidade deve se tornar uma prisão e não uma porta?

Eu acredito que não.

Além do que você faz bem ou mal, está o seu coração, sua alma e suas escolhas. São os minutos da sua vida que estão em jogo. É você aquele que a cada respiração por anos e anos, vai ser o único a sofrer as consequências e a responsabilidade pela vida que teve, no dia do juízo final.

Deixe que sua alma escolha, e nada mais.

Sua cabeça vai te ajudar a equilibrar reconhecimento, segurança, prazer, aprendizado, convivências, sacrifícios e recompensas na medida exata, aquela que você de fato precisa para viver bem.

Mas lembre-se sempre que isso não vem na frente do propósito para que o qual você entrega sua vida, a única que você tem e que veio com o taxímetro da idade ligado.

Imagine uma demissão para a qual a única justificativa fosse: “Trabalhar aqui não está fazendo você feliz, não está sendo uma coisa leve para você e assim, você deveria procurar algo diferente”.

Difícil de acreditar, não é? Imagine de aceitar então.

E eu me pergunto, não deveria essa ser a justificativa mais normal do mundo? A pergunta mais natural e frequente para nossas decisões?

Para mim é.

E para você, quais perguntas definem suas escolhas de carreira?

Estou curioso para saber o que você tem a dizer.

*Nicolai Cursino é consultor, treinador e palestrante em desenvolvimento humano e liderança, com foco no crescimento sustentável das pessoas e das empresas. Sua atuação abrange América Latina, Estados Unidos e Europa. É sócio-diretor da Iluminatta Brasil Desenvolvimento Humano.

Fonte: Jornal Carreira e Sucesso

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