domingo, 19 de junho de 2011

Como inovar o clássico

Presidente da Victorinox conta como atualizar produtos já consolidados no mercado

Por Lorena Vicini

A empresa inova mirando no público feminino: produtos clássicos modernizadosA Suíça, com seus chocolates, relógios e canivetes, é sinônimo de qualidade e establidade. A Victorinox, que tem sua origem em meio aos alpes, não é exceção. A empresa que fabrica os famosos canivetes desde 1884, nesses mais de cem anos já vendeu mais de 400 milhões de unidades do utensílio no mundo todo. Em 2010 a Victorinox faturou US$ 500 milhões. No ano passado, a Victorinox registrou um crescimento de 11% no mundo inteiro, sendo que o Brasil apresentou um crescimento de 15%, o que colaborou muito para o ótimo desempenho mundial. Vale ainda lembrar que o mercado brasileiro está entre os dez mais importantes para a marca e pelo seu potencial foi eleito um dos cinco mercados de destaque para os próximos anos.

Mas não é por conta da tradição que a empresa se estagnou, parou no tempo: o setor de inovação da Victorinox serve como exemplo para empresas de qualquer tamanho, já que se vale das novidades não apenas para alavancar as vendas, mas também para sair de situações difíceis.

Um exemplo disso é que em 2001, com a crise que se instalou após o atentado de 11 de setembro, quando foi impedida de vender seus famosos canivetes nos aeroportos e aviões, a empresa suíça reuniu-se com os seus funcionários para discutir alternativas para evitar as demissões em massa. Além de contar com a flexibilidade dos empregados da empresa, a Victorinox ampliou sua atuação para outras áreas, como roupas, acessórios para viagem e perfumes. O resultado: não foi preciso demitir ninguém.

Outra inovação que buscou estar em consonância com as necessidades do mercado foram as novas opções da roupagem dos canivetes: a marca, que tinha como “pretinho básico”, a tradicional cor vermelha, ganha coleções diferenciadas, com mais cores, materiais e sofisticação, visando o público feminino. A expectativa de crescimento com a chegada das novas linhas é de aproximadamente 30% em 2011.

A Pequenas Empresas & Grandes Negócios conversou com Karl Kieliger, presidente da Victorinox no Brasil, sobre como inovar produtos que já são reconhecidos e bem aceitos no mercado.

A Victorinox é reconhecida mundialmente por seus produtos clássicos. Por que "mexer em time que está ganhando"?

Ter produtos em linha por 20, 25 anos que continuam vendendo bem não significa que eles não precisam de inovação. Mantemos esses produtos na linha, mas continuamos pensando em produtos para novos públicos, como as mulheres ou os mais jovens. Por isso lançamos canivetes com uma roupagem mais feminina, mais moderna, e também produtos como o canivete com o pen drive embutido, para agradar esses novos públicos.

Como vocês detectam essas novas demandas potenciais?

Além de a empresa ter um departamento de pesquisa, muitas das ideias vêm dos própios clientes, que nos escrevem ou se manifestam nas mídias sociais. Uma das características da empresa é buscar essa proximidade com o cliente, para ter facilidade em ouvir a opinião de quem consome. Outro canal de comunicação bastante eficaz são os nosso pontos de venda: exportamos nossos produtos para mais de 40 países, e visitamos essas lojas, mantendo esse contato frequente com lojistas e distribuidores, que também têm muito o que nos contar.

Qual o segredo de inovar produtos tradicionais?

No nosso caso, é manter um design icônico, em um produto de qualidade reconhecida, embutindo tecnologia. Um exemplo é o canivete com USB, que faz muito sucesso. O consumidor gosta dessa mistura de uma tecnologia moderna inserida em um produto clássico.

Como inovar mantendo a qualidade?

Acho que são muitos os caminhos. No nosso caso, optamos por não terceirizar os processos, mantendo a mão de obra toda interna. Além de garantir o emprego dos nossos trabalhadores, isso auxilia a garantir a qualidade de todas as peças que vão no produto e, caso surja uma ideia inovadora no meio do caminho, nossa manobra é mais rápida. Além disso, não colocamos a novidade antes da qualidade: fazemos e refazemos testes antes de lançar qualquer produto, para garantir que o que chega ao mercado, tenha muita qualidade.

Fonte: PEGN

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