quinta-feira, 16 de junho de 2011

Heloísa Capelas: inteligência emocional e autoconhecimento

Caio Lauer

Com uma experiência de quase 20 anos na área de desenvolvimento do potencial humano, Heloísa Capelas foi eleita, em 2009, como uma das melhores palestrantes do Congresso Brasileiro de Treinamento e Desenvolvimento.

Diretora de desenvolvimento humano e sócio-fundadora do Centro Hoffman, instituto focado em despertar o autoconhecimento e a qualidade de vida das pessoas, Capelas conta para o Carreira & Sucesso como trilhou sua trajetória profissional e por que é importante desenvolvermos a inteligência emocional para lidarmos com os relacionamentos pessoais.

Ótima leitura!

Qual é sua formação?

Sou assistente social, terapeuta familiar e administradora em Recursos Humanos. Com o passar dos anos e dos cursos que fiz, fui me especializando em processos transformativos e dinâmica aplicada aos negócios. Hoje, também sou diretora do Centro Hoffman.

Como foi o início de sua carreira?

Com 18 anos, iniciei minha carreira como funcionária do Banco do Brasil. Trabalhei lá durante 20 anos e, neste período, fiz toda minha formação acadêmica. Aos finais de semana, trabalhava de maneira voluntária em algumas instituições para poder aplicar o que aprendia nos cursos.

Em 1995, tive coragem, saí do banco e abri mão de uma carreira estável para migrar para uma carreira focada em desenvolvimento humano. Um pouco antes disso, em 1992, fui aluna do Centro Hoffman e isto me fez enxergar, que no banco, eu estava atendendo a expectativa dos outros e não a minha. Quando resolvi abrir mão deste emprego seguro, com “salário todo dia 20” e benefícios, por exemplo, fiquei um tempo no limbo, mas o objetivo era trabalhar com o Processo Hoffman da Quadrinidade. De pouco em pouco comecei a exercer algumas atividades no instituto.

Até que em 2000, por meio da minha grande mestra, Marisa Thame – que disseminou o processo Hoffman no Brasil –, fui contratada e comecei a administrar o negócio. Em 2002, ela veio a falecer, e acabei ficando com a licença da Marisa, que é pessoal, para aplicar os trabalhos do Centro Hoffman. Estudei muito administração de negócios e fui trazendo consultores para me apoiar.

Qual é o conceito do Processo Hoffman da Quadrinidade?

Hoje, ele é aplicado em 14 países e no Brasil acontece em Ibiúna, interior de São Paulo. Fizemos uma parceria com uma pousada, pois precisamos de espaço para salas de aula e espaço físico para desenvolver as atividades. As pessoas que participam ficam oito dias isolados da sociedade, sem contato algum com celular, internet, televisão e nada deste tipo.

Em sala de aula, aplicamos uma combinação de técnicas terapêuticas que se aliam com a integração de nossas quatro inteligências: emocional, intelectual, espiritual (intuitiva) e corporal. Essa quadrinidade compõe o corpo físico. É um processo feito em grupo, mas não é “de” grupo. As pessoas não precisam se expor e contar histórias. Este processo foi criado por Bob Hoffman em 1967, na Califórnia. Eu e uma equipe de sete profissionais somos especialistas neste processo.

Outra parte das atividades consiste em trabalhar pessoas que estão buscando autoconhecimento e transformação em consultório. Nestes casos, uso uma porção de outras metodologias que fui aprendendo durante a carreira.

Seus trabalhos se baseiam na esfera emocional. Como isso há influência positiva nos profissionais e, consequentemente, nas equipes e no clima organizacional?

Parto do princípio de que a boa liderança é construída por bons relacionamentos. Estes relacionamentos são construídos emocionalmente e afetivamente. Não conseguimos criar relacionamentos mentais: posso ter uma afinidade mental com alguém, ter um interesse em determinada informação, mas em um relacionamento, a construção tem quer ser por afeto.

Este sentimento precisa de treino para ser exposto, pois temos muito medo de exibir emoções. Por conta disso, preferimos apenas trabalhar no plano das ideias, mas, neste plano, não há mobilização das pessoas. É preciso aprender a usar a inteligência emocional, que todos nós temos, para desenvolvimento de relações profissionais saudáveis.

A liderança é tema recorrente em suas apresentações. Hoje, o que o mercado mais exige dos líderes?

Manter bons relacionamentos. Existe aquela frase: quem tem amigos, tem tudo. Hoje, falamos muito de redes sociais, seja na vida real ou virtual. Mas como construir a rede social se não há a rede afetiva? Na hora em que você realmente precisar destas pessoas, você não poderá contar com elas. Então, o que é exigido no líder é construir este ambiente afetivo. Isso não significa que precise gostar das pessoas, mas é primordial o respeito, a educação e a sutileza.

Existe outro trabalho que você desenvolve chamado Caminho da Liderança, que iniciou em Harvard, nos Estados Unidos. Fale um pouco sobre ele.

Este trabalho só existe no Brasil e na Universidade de Harvard. Em 2006, o instituto Hoffman americano foi convidado pela universidade para aplicar o Processo Hoffman da Quadrinidade nos 40 melhores alunos da Escola de Governo da Fundação Kennedy. A partir daí, os alunos gostaram bastante do resultado em curto prazo e propuseram fazer uma atividade mais longa. No Brasil, o “Caminho da Liderança” é aplicado apenas em executivos.

Em breve você publicará seus artigos aqui no Carreira & Sucesso. O que pretende abordar?

Minha especialidade são os relacionamentos interpessoais, e para se construir bons relacionamentos é necessário o autoconhecimento. Essa é minha marca e do que sei falar. Vou focar no campo profissional, mas também apresentar assuntos da vida pessoal.

Fonte: Jornal Carreira e Sucesso

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