Denúncia contra a saúde - Por Paula Valviesse

Depois de esperar por quase uma hora para que sua filha, de 14 anos, recebesse atendimento ortopédico no Hospital Municipal Raul Sertã, Juarez Cunha Krebs entrou com denúncia no Ministério Público Federal solicitando providências em relação ao tratamento oferecido na unidade de saúde de Nova Friburgo. No documento o pai conta como foi a espera por atendimento e apresenta em anexo uma receita timbrada com encaminhamento para o Hospital São Lucas, assinada pelo diretor médico do hospital Marcelo Orphão Motta.

Como consta na denúncia feita ao MP, a filha de Juarez se acidentou no dia 4 desse mês, um domingo, e foi levada para o hospital por volta de 13h, com fortes dores no braço e suspeita de fratura. Na unidade a menina foi atendida por um médico de nome Léo, que de acordo com relato de Juarez seria clínico geral, que encaminhou sua filha para exame de raio-x, onde foi constatada a lesão no osso do braço. Contudo, por não ser a área de atuação do médico, foi então solicitado que a menina recebesse medicação e aguardasse o ortopedista na enfermaria.

No entanto, não havia nenhum ortopedista na unidade e por ser alérgica a alguns medicamentos a menina não pôde ser medicada para dor através de injeção, tendo que tomar apenas um comprimido, o que fez com que a espera se tornasse incômoda para a família: “Minha filha está com dor ela não pode ser medicada com injeção”. Às 16h, Juarez procurou a chefe de plantão que informou que iria acionar o ortopedista plantonista, Dr. Honório, que não pôde comparecer a unidade para atender a paciente por estar em um procedimento cirúrgico.

Juarez então decidiu levar sua filha para casa, pois até o momento ela não havia comido nada, e conversou com o diretor médico do hospital, Marcelo Orphão Motta, ficando acordado que retornaria com a menina depois das 19h para que fosse atendida. Porém, ao retornar, o ortopedista já havia deixado a unidade, por onde passou para fazer visitas médicas, e o diretor médico já havia se encaminhado para o Hospital São Lucas, onde é plantonista. “Eu voltei às 19h30min com a promessa do responsável do hospital, que disse que ela seria atendida, mas cheguei no hospital e o medico não se encontrava. Lógico que a gente tem que entender que foi domingo, foi à tarde, mas tem que ter um plantonista” – destaca Juarez.

Com isso, às 20h, ao procurar novamente a chefe de plantão, o pai recebeu um receituário do hospital carimbado, assinado e datado por Marcelo Orphão Motta, encaminhando a paciente para o Hospital São Lucas. “Encaminho o paciente para atendimento no Hospital São Lucas, sessão de ortopedia, para atendimento autorizado pela Dra. Jamila Calil e Dr. Hebson, a ser pago pela Fundação Municipal de Saúde” – dizia o documento que foi anexado à denúncia.

A filha de Juarez foi levada ao Hospital São Lucas, onde a família recebeu a informação de que o setor de ortopedia estava fechado, pois só funciona até as 19h. Conversando novamente com Marcelo Orphão, que estava no hospital ele foi orientado a retornar ao Hospital Raul Sertã, pois a secretária de saúde, Jamila Calil, seria contatada e resolveria a questão do atendimento. Às 21h, a menina de 14 anos foi atendida pelo médico ortopedista Webber, que teria ido à unidade somente para realizar o procedimento, pois na data estava de licença paternidade.

O pai chegou a levar a menina à UPA em Conselheiro Paulino, onde também não pode ser atendida já que a unidade não possui ortopedista, realizando apenas o atendimento inicial e encaminhando o paciente para o hospital. A queixa no Ministério Público foi feita na segunda-feira, 5, onde Juarez também foi orientado a entrar com processo contra o município, o que não quis fazer.

Contudo, o pai ainda aguarda a decisão do órgão e disse que irá até o final para que sejam tomadas providências: “Eu vou atrás do MP e quero um à posição deles, porque se não tiver eu vou procurar uma instância maior. Eu não quero processar o município, o que eu quero é que a população que precisa seja atendida” – afirma Juarez.

Fonte: Nova Imprensa