domingo, 11 de setembro de 2011

Governo Federal caracteriza causas da tragédia - Por Karina Monnerat

O Governo Federal divulgou um relatório que aponta as ocupações irregulares como uma das causas da tragédia de janeiro na região serrana. O relatório coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente é fruto de um trabalho de campo realizado em toda a região no período de 24 a 26 de janeiro.

A inspeção constatou a presença de casas e edificações nas margens dos cursos d’água, em áreas inclinadas e no sopé da montanha, além de estradas que cruzando lateralmente os morros e desmatamento em alguns topos em toda a região atingida pelas chuvas. A análise de campo mostrou também que grande parte das áreas afetadas por deslizamentos sofreram intervenções humanas como construção de estradas, edificações, queimadas e desmatamento.

O relatório mostra que 92% dos deslizamentos ocorreram em áreas que sofrem alterações humanas e em cerca de 33% houve mais de um tipo de intervenção, sendo apenas 8% de todos os deslizamentos ocorridos em locais de vegetação nativa bem conservada. Das intervenções associadas aos deslizamentos foram destacadas estradas e terraplenagens feitas em encostas. Os cortes realizados nas encostas para a construção de edificações e estradas agravam os riscos e facilitam os deslizamentos quando ocorrem chuvas fortes.

Em Nova Friburgo foi diagnosticada a canalização dos cursos d’água em toda extensão da cidade, com margens ocupadas por pontes, calçadas e edificações, além de curvas em ângulo de 90°, que podem contribuir para que esses canais se transformem em bombas relógio quando o nível de água estiver acima do normal causando transbordamento.

A inspeção concluiu que o desastre natural ocorrido na região se configurou como catastrófico por uma série de fatores, como a topografia, geologia, hidrografia e o regime pluviométrico. Nessas condições o número de escorregamentos associados à instabilidade de encostas é evidente e a ocupação nas áreas ao redor torna os desastres naturais em eventos catastróficos. O estudo concluiu ainda que se a faixa de 30 metros considerada área de preservação permanente ao longo dos cursos d’água estivessem livres, assim como se as áreas com elevadas inclinações e os topos dos morros, montes, montanhas e serras estivessem livres da ocupação e intervenções inadequadas os efeitos da chuva teriam sido significativamente menores.

Fonte: Nova Imprensa

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