terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A árdua tarefa de contratar novos funcionários

Por Elisabete Miranda

Tenho me dedicado a uma das mais complicadas tarefas em qualquer pequena empresa: a contratação de novos funcionários. Tomo muito cuidado na hora de contratar, pois me apego às pessoas e, consequentemente, tenho dificuldade para demitir. Com a atual taxa de desemprego nos Estados Unidos, seria de se imaginar que está moleza admitir funcionários. Ledo engano. Existe muita gente desempregada, mas achar a pessoa certa para o lugar certo é sempre um desafio enorme. Por muitos fatores, com exceção dos tradutores, o mercado de profissionais da indústria de tradução é bastante escasso. Agora, mais difícil do que encontrar candidatos capacitados tecnicamente é encontrar pessoas com personalidade e atitude adequadas.

Diversos estudos comprovam que habilidades técnicas, incluindo inteligência, educação e experiência, são responsáveis por apenas 15% do sucesso no trabalho. Os outros 85% são derivados das habilidades sociais. A maioria de nós reconhece a importância da boa atitude, mas será que temos consciência do quão fundamental ela é para relacionamentos saudáveis e felizes? Pessoas secas, amargas e negativas acabam sendo evitadas como praga. Por outro lado, pessoas felizes, otimistas e positivas são muito mais atraentes e pura e simplesmente tornam qualquer ambiente muito mais agradável.

Um dos cargos para o qual estou recrutando é o de assistente executiva, que basicamente vai ser o meu braço direito. É claro que a candidata perfeita tem todas as habilidades técnicas, é inteligente, tem educação formal, tem muita experiência e é uma mestre nas habilidades sociais. Mas como perfeição não existe e já estou bem grandinha para acreditar em Papai Noel, não adianta me encher de esperança. O que não abro mão é de ter alguém com a atitude certa. Se tivermos que optar, habilidades técnicas sempre podem ser ensinadas, mas é praticamente impossível instilar em alguém o que chamamos aqui de “can do attitude” (atitude de “poder fazer”).

Nesta semana, como parte final do processo decisório, resolvi acrescentar uma etapa – levar uma das candidatas para jantar. Aprendi recentemente que esse é um teste maravilhoso, principalmente para funcionários que vão trabalhar muito próximos a você. Ela já havia feito todo o processo de seleção, incluindo algumas entrevistas comigo e com outros funcionários, além de testes de conhecimento e de personalidade, e demonstrou estar muito interessada em ser contratada. Mas eu ainda não estava convencida de que era a pessoa certa. No final de um jantar de três horas e meia, minha intuição me disse que não. Entre algumas outras coisas, faltou química.

No dia seguinte, um dos funcionários que também a entrevistou, cujo perfil é muito mais racional que o meu, me fez a seguinte pergunta: “O que ela poderia ter feito para mudar a sua opinião?” Não tive de pensar duas vezes. Ela teria sido contratada imediatamente se tivesse olhado diretamente nos meus olhos e dito com sinceridade: “Talvez eu não tenha toda a experiência e habilidades necessárias para essa função, mas tenho certeza de que posso aprender. O que eu garanto é que tenho a melhor atitude que você vai encontrar. Chego cedo, saio tarde, trabalho duro, pesquiso quando não sei, sou positiva e tenho uma ótima energia, que contagia todos que estão à minha volta!”

Elisabete Miranda é administradora de empresas e dona da Translation Plus, empresa de tradução, interpretação e consultoria cultural localizada em New Jersey. Mora nos Estados Unidos há 16 anos.

Fonte: PEGN

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