COPENHAGUE - A ministra da Casa Civil e chefe da delegação brasileira na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-15), Dilma Rousseff, voltou a desautorizar o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ao afirmar que o Brasil, em nenhum momento, pediu recursos para se adaptar às mudanças climáticas. Mais cedo, Minc, durante entrevista, dissera que o Brasil abrira mão dos recursos.
- Nós nunca pedimos recursos para adaptação porque são para os países mais pobres, os mais afetados pelas mudanças climáticas, países que podem desaparecer - declarou.
- Pedi para o Minc esclarecer isso. O que queremos são financiamentos para mitigação
Schwarzenegger chama Serra de 'Sierra'
- Pedi para o Minc esclarecer isso. O que queremos são financiamentos para mitigação - afirmou. - O Brasil nunca cogitou recursos para adaptação. A gente não se enquadra em adaptação. Só em mitigação.
O ministro do Meio Ambiente, pela manhã, deu outro tom ao assunto.
- Eu não disse que o Brasil não aceita a diferenciação (entre países emergentes e pobres). Abrimos mão de recursos de adaptação. Ao dizer isso, estamos reconhecendo que há categorias diferenciadas (de países) - disse Minc.
- Não queremos politicamente criar fissuras entre os muito pobres e os emergentes. Reconhecemos as diferenças. Mas não queremos que essas diferenças sejam acentuadas e facilitem aos muito ricos se furtarem aos seus compromissos.
Minc disse que o Brasil não apresentou metas para obter recursos para financiamentos, embora reconheça que o fato de tê-lo feito pode facilitar a obtenção de recursos no exterior:
- Apresentamos metas porque 'é bom para o mundo. Mas isso pode favorecer a captação de financiamento.
Marina Silva diz que há estranhamento
A senadora Marina Silva (PV), ex-ministra do Meio Ambiente, afirmou nesta terça-feira, em entrevista à rádio CBN, que há um "estranhamento" em Copenhague com a chefia da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na delegação brasileira. Marina voltou a defender a participação do Brasil no fundo climático, e afirmou que repercutiu "muito negativamente" a recusa de Dilma em contribuir com US$ 1 bilhão para os países pobres.
- Está causando aqui em Copenhague um certo estranhamento o isolamento do ministro Carlos Minc. Quando eu era ministra do Meio Ambiente, assumíamos todos os processos negociais em todas as COPs que participamos. Mesmo quando vim com o ministro Celso Amorim, ele era muito respeitoso em relação a minha titularidade. Obviamente que é a primeira vez que a ministra (Dilma Rousseff) participa de uma negociação com caráter de meio ambiente dessa magnitude, e vão tendo algumas questões que de fato estão repercutindo muito negativamente, inclusive essa de dizer que não vai ajudar os países pobres. Faz uma crítica de que 1 bilhão (de dólares) é pouco, mas diz que não vai botar nada.
Dilma tomou a frente de toda a discussão em torno das mudanças climáticas. No domingo, por exemplo, Minc havia agendado uma entrevista para o final da tarde. No entanto, acabou cancelando-a. Ao invés dele, quem falou, por 1h15m, foi Dilma. Minc sentou-se ao lado da ministra e, nas vezes em que tentou falar algo, foi interrompido por Dilma, que fez questão de demonstrar que tinha estudado o assunto, citando, inclusive de memória, artigos do Protocolo de Kioto, sobretudo no que se refere às obrigações dos países ricos.
Nesta segunda-feira, o Bella Center, em Copenhague, local onde ocorre a maioria das reuniões para discutir as mudanças climáticas , o debate entre os três pré-candidatos à Presidência ficou quente. O resultado do primeiro dia em que os três estiveram sob o mesmo teto foi a concordância de posicionamento entre o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a senadora Marina Silva (PV-AC), que trocaram amabilidades, contra as teses adotadas pela ministra Dilma Rousseff, que esteve em várias reuniões e nem se encontrou com os oponentes frente a frente.
Fonte: O Globo
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