Debate no EXAME Fórum, em São Paulo, discutiu os gargalos que impedem a continuidade do atual ritmo de expansão
Luís Artur Nogueira, de EXAME.com
São Paulo - Os empresários e especialistas que participaram do EXAME Fórum, em São Paulo, elegeram o crescimento sustentável como o principal desafio do Brasil. A presidente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, disse que, em 2010 - ao contrário de anos anteriores -, as vendas do varejo foram fortíssimas no primeiro trimestre. "A questão é resolver os problemas de logística no curto prazo e planejar as soluções no longo prazo", afirmou a empresária. "São dois carros na pista. Um para correr agora e o outro para o futuro."
O presidente da Unilever Brasil, Kees Kruythoff, diz que as melhores oportunidades estão no Nordeste. "Podemos criar novas marcas e produtos", diz o empresário, usando como exemplo a possibilidade de expansão do segmento de sabonete líquido. "O futuro é agora", afirma, dizendo que não faz mais sentido falar que o Brasil é o país do futuro. "A questão fundamental é como garantir um crescimento sustentável", afirmou o empresário.
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que o Brasil é a oitava economia do mundo, mas está apenas 19º posição em consumo de seguros. Se o Brasil não atingir um consumo per capital de US$ 2 mil na próxima década, não há avanço, diz Trabuco, explicando que há uma correlação entre o nível de seguros e o desenvolvimento humano. O banqueiro também ressaltou a evolução do Nordeste, que aumentou a participação no total de veículos vendidos nos Brasil de 8% para 14% nos últimos anos.
O sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles, diz que as classes C e D têm 70% mais amigos do que as classes A e B. "Isso explica a propaganda boca-a-boca." Os jovens da classe C formam, nas suas famílias, a primeira geração de universitários. "Vem aí uma forte demanda por turismo e informática", diz o pesquisador.
O economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Neri, diz que o avanço do Brasil não pode acontecer com os olhos do passado. "O Brasil é muito deficiente e muito desigual. A vantagem é que o potencial é gigantesco", explica o especialista, que demonstrou preocupação com a falta de poupança no país.
Em um dos vários momentos de bom humor do evento, a empresária Luiza Helena Trajano disse que não comemoraria demais o desempenho do varejo para não estimular a alta dos juros. Indagado, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que a tendência é de queda da Selic no longo prazo. E completou: "O nível de endividamento no Brasil é baixo, o que garante a expansão do crédito."
Os empresários e especialistas são unânimes ao afirmar que o Brasil precisa de reformas estruturais, em especial a tributária, para destravar os gargalos.
Fonte: Portal Exame
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