quinta-feira, 24 de junho de 2010

Executivos de bancos no Brasil ganham até 30% mais do que no exterior

País lidera expectativa de contratações no mercado financeiro no mundo; entenda as razões e saiba como se beneficiar disso

Talita Abrantes, de EXAME.com

São Paulo -- Em alguns níveis de hierarquia, o mercado financeiro no Brasil já oferece salários melhores do que nos países-sede dos principais bancos. De acordo com especialista da consultoria Robert Half, a remuneração de executivos das filiais brasileiras de algumas instituições pode ser até 30% maior do que na matriz, no exterior.

Os bons salários não são o único termômetro para medir o otimismo do setor. A expectativa é de que as instituições financeiras brasileiras liderem o índice de contratações nos próximos seis meses.

Segundo pesquisa da Robert Half, 43% dos gestores dos bancos no Brasil declararam que pretendem recrutar novos profissionais no período.

"O setor financeiro foi o que mais demitiu com a crise de 2008", lembra Fábio Saad, gerente da divisão de mercado financeiro da Robert Half. A partir do segundo semestre do ano passado o mercado financeiro brasileiro, contudo, começou a viver uma reviravolta.

A economia não só se recuperou da crise como passou a crescer em um ritmo superior ao de boa parte do mundo. Por conta disso, a população brasileira deu um salto no poder aquisitivo, fato que tornou os serviços bancários mais acessíveis para essa nova parcela do mercado consumidor.

Nesse cenário, os principais bancos de varejo com atuação no Brasil, recém saídos de processos de fusões e aquisições, acabaram encontrando condições para expandir seus negócios.

"A tendência natural dos movimentos de consolidação das fusões é uma diminuição no número de contratações e até do quadro de funcionários. Mas, mesmo assim, os grupos- continuam recrutando pessoal", afirma Eduardo Baccetti, sócio da consultoria 2GET.

No entanto, de acordo com os especialistas, são os bancos de investimentos que lideram o crescimento proporcional no número de contratações no setor. Diante da crise na Europa e de uma recuperação econômica mais lenta nos Estados Unidos, as instituições financeiras internacionais decidiram, de maneira estratégica, colocar o Brasil na rota de investimentos prioritários nos últimos meses.

"As matrizes dos bancos estão muito atentas para o país, uma vez que há eventuais perdas de resultados em outros países", afirma Bernardo Cavour, da consultoria Michael Page. E essa tendência se reverte em aumento da demanda por novos profissionais.

O banco americano J.P. Morgan é um exemplo disso. Desde o início do ano, a instituição contratou cem funcionários na sua filial brasileira.

"O banco decidiu, globalmente, investir na área de bancos comerciais no Brasil, China e Índia", afirma Maria Cláudia Pace, superintendente de recursos Humanos do J.P. Morgan. "A ideia é expandir as áreas de relacionamento com o cliente".


Salários

O boom de boas oportunidades no setor, de acordo com os especialistas, está atraindo estrangeiros e brasileiros residentes no exterior.

Segundo pesquisa feita pela Michael Page, durante as aulas de um curso de MBA com certificação internacional no ano passado, 85% dos alunos brasileiros admitiram querer retornar para o mercado nacional o mais rápido possível.

E não é para menos. "Para reter talentos, os bancos estão aumentando o valor das remunerações", diz Baccetti. Ele estima que, nos bancos de investimentos, os salários cresceram em média 25% nos últimos meses.

Por conta disso, segundo Saad, da Robert Half, as remunerações no mercado financeiro podem ser até sete vezes maiores do que os oferecidos pela indústria para profissionais com a mesma formação. "Um recém-formado contratado na área de fusões e aquisições de um banco de investimentos americano pode ter salário inicial de 8 a 10 mil reais", afirma.

Os requisitos para alcançar essas oportunidades, no entanto, são severos. "Além de inglês fluente, o profissional precisa ter uma noção muito boa da economia real, entender bem as empresas e os setores participantes do mercado", diz o consultor. "Não basta só formação. É preciso estar atualizado com o que está acontecendo no Brasil e no mundo".

Fonte: Portal Exame

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente livremente, mas sem abusar do critério da livre escolha de palavras. Assuntos pessoais poderão ser excluídos. Mantenha-se analítico e detenha-se ao aspecto profissional do assunto em pauta.