Maiara Tortorette
Experiência profissional, formação acadêmica e cursos profissionalizantes são algumas das principais exigências em um processo seletivo. No entanto, existem outras qualificações que também incrementam e ganham destaque no currículo dos profissionais, como o trabalho voluntário. Não é de hoje que as empresas valorizam os candidatos que possuem ações sociais em seu histórico, pois além dos méritos do trabalho em si, as pessoas que se interessam por tais atividades normalmente apresentam algumas qualidades, como a facilidade de relacionamento.
Além do desenvolvimento profissional e pessoal que os trabalhos voltados ao terceiro setor oferecem, as empresas também se preocupam com o conceito de sustentabilidade. As grandes corporações, principalmente, querem ser avaliadas de forma positiva do ponto de vista sócioambiental e, portanto, valorizam cada vez mais seus colaboradores que estejam envolvidos nesse tipo de atividade.
Para Maria Lucia Meirelles Reis, diretora do Instituto Faça Parte, o voluntariado é muito procurado pelos jovens, e muitas vezes é o primeiro compromisso que eles assumem em questão de trabalho. “Para grande parte das pessoas que buscam essas ações, este é o primeiro contato com a carreira profissional, e é uma oportunidade do jovem aprender a conviver num ambiente de trabalho, conhecendo regras, hierarquias e, principalmente, suas potencialidades”, destaca. “O trabalho voluntário, onde sempre se pode escolher com quem e onde atuar, pode ser uma maneira de criação de network com sua área de interesse, aquisição de experiências e formação de currículo”.
A proatividade e preocupação com o todo são outras características marcantes nos voluntários. Avaliar problemas e enxergar maneiras de colaborar, pensando apenas em amenizar uma situação, sem esperar ser remunerado, são tão importantes nas ações sociais quanto nas organizações. Todo gestor busca profissionais que consigam trabalhar pensando além do que lhes é delegado, apresentando novas ideias e colaborando com a empresa na solução de problemas.
Graça Bernardes, professora de marketing sustentável da Business School São Paulo, também acredita que esses trabalhos auxiliam as pessoas a desenvolver melhor suas atividades, além de manter um relacionamento passivo e agradável nos locais onde atuam. “Com esses trabalhos sociais, o profissional adquire uma visão diferente e aprende a lidar com novas situações. Se torna um colaborador que traz sugestões e contribue muito mais com a empresa, principalmente no ouvir e no relacionamento com os colegas de trabalho”, enfatiza. Para ela, também há um aumento expressivo na satisfação pessoal, que melhora o desempenho e a felicidade do profissional ao chegar no trabalho.
Empresas que valorizam, também são valorizadas
As empresas que adotam esse tipo de contratação, e que investem em profissionais preocupados com a sociedade e o mundo onde vivem, também são valorizadas no mercado. Além disso, grande parte das organizações já se preocupam em desenvolver projetos sociais e firmar parcerias com ONGs e instituições, uma vez que o mercado está cada vez mais focado nas questões sustentáveis e destaca as organizações que apresentam interesse e empenho nessa questão.
“As ações sociais não devem acontecer apenas em torno da empresa ou fora dela, elas devem começar dentro do ambiente corporativo”, explica Lucila Maia, coordenadora da Associação Cultural Constelação, organização sem fins lucrativos. “Valorizar os funcionários, criar programas de desenvolvimento e incentivar parceiros a desenvolver ações sociais são atitudes admiradas no mercado. E hoje já existem certificados internacionais que valorizam isso”.
Trabalho social para incluir no currículo
Com tamanha repercussão que o tema assumiu nos últimos tempos, é possível que muitas pessoas busquem os trabalhos voluntários apenas para acrescentar um diferencial no currículo ou impressionar o selecionador. Não há como avaliar se o resultado das ações com essas pessoas é positivo ou negativo, no entanto, após iniciar o trabalho, é importante que cada um avalie se realmente está agregando algum valor. Caso contrário, não é indicado que utilize essa experiência como uma “informação adicional” no momento da entrevista.
“Eu acho que em algumas situações é válido”, afirma Graça. “Mesmo que algumas pessoas estejam apenas com o objetivo de agregar esse trabalho em seu currículo, na hora em que estão dentro de uma organização e precisam contribuir, de certa forma acabam se envolvendo. Então pode ser até que com isso ela goste e continue, além de perceber que não é apenas o lado profissional que conta, mas principalmente o desenvolvimento pessoal”.
Lucila acredita que, acima de qualquer coisa, o trabalho voluntário é um compromisso e deve ser encarado com seriedade para tornar efetivo o seu propósito. Sendo assim, não importa o que será feito ou qual o principal objetivo de quem procura desenvolver ações sociais; o que realmente deve ser levado em consideração é a sua relevância e o quanto cada pessoa pode se doar em prol dessas mudanças, que são extremamente positivas para quem ajuda e principalmente para quem está sendo ajudado.
Fonte: Jornal Carreira e Sucesso
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