Maiara Tortorette
O mercado está em constante mudança, e com a chegada da tão falada “geração Y” ficou fácil entender como grande parte das empresas consegue se desenvolver e inovar com jovens líderes. Se antigamente o gestor precisava ter uma carreira sólida e muitos anos de atuação, hoje em dia o cenário não é mais esse. A idade, o tempo de “casa” e outros fatores relacionados ao período de experiência já não são mais determinantes para definir um líder. Para ocupar esta posição, o profissional deve apenas ser atualizado, proativo e ter interesse pelos objetivos da empresa, além de incentivar os demais colaboradores e ter um perfil de inovação.
Com a evolução dos meios de comunicação e o avanço da tecnologia, as informações passam de novas a antigas em segundos, portanto a ordem é ser ágil e antenado. Uma empresa de sucesso e com credibilidade no mercado deve seguir as tendências e se destacar das concorrentes, ou seja, receber a informação e executá-la antes, ou pelo menos, ao mesmo tempo, que as demais organizações do mercado. E para que todas essas exigências sejam seguidas, nada melhor do que os jovens dessa nova era; que estudam, se informam e trabalham.
É possível notar que as transformações começam nas escolas, que anos atrás tinham apenas a função de alfabetizar e preparar alunos para o vestibular, mas atualmente são verdadeiras instituições de desenvolvimento e preparação de jovens para o mercado de trabalho. Para Steevens Beringhs, professor de empreendedorismo e projeto de vida da Escola Internacional de Alphaville, a fase escolar deve construir consciência universitária, mercadológica e profissional em seus alunos, além de criá-los para o presente. “A escola do século XXI deve formar, antes de tudo, gestores providos de uma ética adequada a sua coletividade e seus objetivos pessoais, líderes dinâmicos e altruístas”, define.
Não é de hoje que a sociedade se depara com jovens “gênios”, no entanto, a verdadeira diferença dessa geração Y, é que o QI elevado ficou em segundo plano. Criatividade, por exemplo, pode ser a habilidade necessária para que um profissional com menos de 25 anos ocupe um cargo de chefia. A verdade é que eles devem estar no lugar certo e na hora certa, além de manterem um desenvolvimento profissional constante no que se trata de atualização.
Segundo Cristiano Miano, sócio e diretor da DigiPronto, agência de comunicação, a velocidade da informação é um dos principais fatores para essas mudanças. Ele acredita que o processo auxilia um recém-formado a chegar rapidamente a um cargo mais elevado. “Hoje, quem quer ser um líder ou tem esse perfil, possui rápido acesso a informação, principalmente pela internet, sobre outros líderes e outras empresas. Assim, ele percebe que não precisa mais seguir aquela sequência de sair do colégio, ir pra faculdade, arrumar um estágio, ser promovido e só assim seguir carreira. Nos dias de hoje, ele consegue trabalhar antes do que qualquer coisa”, explica.
Mudança nas organizações
Se por um lado o perfil dos profissionais está mudando com a evolução da tecnologia, por outro as empresas devem se adaptar a esta nova geração. Com um time de profissionais jovens, com “sede” de informação e novidades, é difícil manter a motivação, por isso as organizações se empenharam nesta mudança, que ocorre desde a estrutura até a forma de gestão. Os chefes, por exemplo, não são mais extremamente autoritários e pessoas inacessíveis, muito pelo contrário, são pessoas-chave, pois direcionam a equipe e apoiam os colaboradores. Tudo isso porque essa nova era exige um ambiente de trabalho agradável, já que a remuneração também deixou de ser o fator primordial.
Para Gilberto Guimarães, professor e diretor de MBA Executivo em Liderança e Gestão de Pessoas, os funcionários e a organização devem andar juntos e manter uma sintonia para que evoluam na mesma direção. “Esses novos tempos pedem uma nova organização de pessoas e profissionais. Não existe mais a estrutura clássica de subordinação, onde as pessoas eram organizadas em hierarquia, por funções. O líder já não impõe o poder”, esclarece. “O verdadeiro desafio é criar espaço e condições para reter os talentos, pela atualização permanente, uso das ferramentas mais modernas, liberdade de atuação e valorização do seu conhecimento”.
Cristiano fundamenta a questão, com exemplos de empresas de grande porte, como a AMBEV, que adotaram o novo perfil e apresentam resultados positivos no mercado. Para ele, muitas organizações ainda não aceitaram a nova geração, no entanto, a tendência é que todas acabem cedendo ao perfil Y. “Ainda existem empresas de diversos segmentos que, historicamente, têm esse legado de carregar planos de carreira longos e pessoas que estão há muito tempo na companhia. No entanto, eu tenho visto empresas mais próximas que têm feito essa migração, colocando pessoas mais jovens“, comenta.
E os profissionais mais antigos?
Nenhuma mudança pode ser realizada apenas com o novo; profissionais antigos continuam sendo peças fundamentais para qualquer organização. Porém, é visível que o espaço dos jovens aumentou, e os mais maduros acabaram perdendo algumas oportunidades. Existem áreas em que realmente é necessário um perfil mais ágil, em todo caso, é importante que o conhecimento e a experiência dos outros profissionais não sejam desvalorizados, uma vez que estas características, junto a tantas mudanças, também auxiliam no desenvolvimento das empresas.
“Os mais velhos perdem, sem dúvida, porque foram educados em outro momento e com outras prioridades. Os jovens de hoje são melhor preparados do ponto de vista curricular, possuem muitos cursos, falam mais línguas e cresceram utilizando tecnologias digitais”, afirma Steevens. Mas para ele, tanto um, quanto o outro, apresentam algumas falhas e suas devidas importâncias, por isso devem estabelecer um equilíbrio. “O ideal é a empresa não se desfazer de um em detrimento ao outro, mas gerir bem a convivência e intercâmbio de ambos, além de sempre se preocupar com a ética e a relação profissional”.
O que também pode diminuir esta perda de espaço é que os mais antigos se empenhem em satisfazer as necessidades da empresa. De acordo com Cristiano, o maior problema dessa geração que acaba ficando para trás é a falta de atualização. “Eu realmente acho que eles podem conviver no mesmo mercado, mas é importante que o profissional sênior tente se atualizar.O cliente de amanhã já é dessa geração, e o profissional deve saber como lidar. Dentro do seu dia a dia, o sênior vai ter contato com geração Y o tempo inteiro, e infelizmente poderá se ver fora do mercado se não tiver disposto a enxergar o presente”.
Principais desafios
Mesmo com tamanha aceitação e elogios a nova geração, como acontece em toda mudança, existem barreiras e receios por parte das pessoas. Muitos não conseguem aceitar que profissionais tão jovens tenham capacidade para assumir cargos importantes e liderar projetos grandiosos. O preconceito, se é assim que se pode chamar, também assombra esta geração e, muitas vezes, desacredita de sua qualificação.
Para Cristiano, o próprio jovem acaba pecando nesse aspecto devido a sua pretensão. “Preconceito é realmente uma coisa difícil ainda, mas às vezes, este jovem também é um pouco pretensioso e pula algumas fases, como aperfeiçoamento pessoal, treinamento, e etc. Uma pessoa pode se desenvolver rapidamente, mas de qualquer forma, é necessário que ela tenha acesso às bases que vão solidificar esse crescimento. O jovem tem muita resistência a se submeter a padrões ou treinamentos de liderança, por exemplo, que julgam serem antiquados, mas que são importantes.”.
O fato é que jovens ou maduros, o importante é que haja um respeito entre os trabalhos e que um consiga passar ensinamentos ao outro. O trabalho de um jovem líder, pode sim, ser bem feito e trazer bons resultados, porém é necessário que ele aceite os ensinamentos do profissional mais experiente, e que também se empenhe em passar a ele suas habilidades mais relevantes. E, além disso, cabe às empresas direcionar seus objetivos e o trabalho de seus profissionais, além de utilizar todas as ferramentas e habilidades que essa geração oferece para desenvolver o melhor trabalho possível.
Fonte: Jornal Carreira e Sucesso
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