Falta de pastagem natural e possível perda de peso dos animais preocupam pecuaristas
Marina Lopes
Centenas de cabeças de gado se alimentando em cima de verdejantes pastagens é um cenário longe das perspectivas climáticas previstas para o Rio Grande do Sul com a chegada do La Niña. O fenômeno que já começa a delinear os primeiros sinais de seca no Estado, aliado ao bom preço do boi gordo, acelerou a venda de bovinos aos frigoríficos em cerca de 27% em relação ao ano passado.
O reflexo para o consumidor, estima o Sindicato da Indústria da Carne no Estado (Sicadergs), deve ser um aumento de 10% no preço da carne vermelha em dezembro. Só até outubro de 2010, o Rio Grande do Sul abateu 86.364 cabeças de gado a mais que em todo ano passado, conforme a Secretaria Estadual da Agricultura
Comprador de gado para entrega em frigoríficos, Lauro Fittipaldi explica que o produtor está remanejando seus animais em razão da previsão de seca. O boi gordo foi vendido em setembro e outubro, e se acelera a venda de exemplares de um e dois anos antes que, com a provável falta de pastagem natural, percam peso. Fittipaldi diz que, principalmente na Fronteira Oeste e região da Campanha, zonas de criação de gado, a principal vantagem para o produtor é aliviar espaço na propriedade para proporcionar melhores condições de criação para vacas de cria.
Produtor de angus, hereford e braford em Dom Pedrito, Araci Barcelos Neto, da Estância 3M, fornece para o frigorífico Marfrig há 15 anos. A estratégia de vender o gado em dezembro para conseguir melhores preços não vai poder ser efetivada este ano.
— Esta semana terminou o gado de pastagem que forneço para abate. Vendi 700 cabeças antes do tempo porque não tenho como mantê-las com o peso atual até dezembro, já que o pasto começou a secar — explica o produtor que fornece ao frigorífico 3,5 mil cabeças por ano.
Neto, no entanto, não teve prejuízo na venda antecipada, já que o quilo do boi gordo no Estado está valorizado em R$ 3. Segundo o presidente do Sicadergs, Ronei Lauxen, a venda nos últimos três meses do ano costuma aumentar em 30%. Com previsão de seca, os animais vão ficando cada vez mais escassos até dezembro, o que deve elevar o preço do boi gordo – chegando próximo aos praticados no centro do país R$ 3,50 o quilo– e também fazer subir o preço nas gôndolas.
Fonte: Zero Hora
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