quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Viver fora: diferencial no recrutamento?

Caio Lauer

Em um mundo globalizado onde as culturas e costumes se aproximam com o passar dos tempos, as viagens internacionais, sejam de cunho profissional ou pessoal, são cada vez mais comuns. Além do contato com um novo idioma, estas experiências agregam valores que não são possíveis de ser absorvidos em cursos ou palestras. Mas na hora de almejar um novo emprego, isso se torna um diferencial?

A vivência em outros países influencia na personalidade do candidato, na forma como ele enxerga as questões e como as resolve. Estar fora de seu universo habitual e resolver impasses de maneira incomum ao que está acostumado aprimoram a flexibilidade de qualquer um. Para Raquel Bianchi, sócio-diretora da Bloom Design, as viagens impactam de forma muito positiva, trazem diferentes pontos de vista, desenvoltura, conhecimentos, experiências e maturidade para o candidato. “Este impacto é percebido facilmente no momento em que entrevistamos um aspirante a uma vaga de estágio ou emprego efetivo”, observa.

Quando é realizada uma viagem ao exterior, muitos valorizam o conhecimento de uma nova língua como primordial. Outros apostam na vivência por considerar que entender outras culturas é essencial para o desenvolvimento da carreira. Isso depende muito da área de atuação do profissional, como aponta Juliana Schmidt, sócia do Estúdio Corpo Vital: “Recentemente contratamos uma massoterapeuta que morou cinco anos na China, em Cingapura. Essa experiência foi um grande diferencial para a decisão de contratá-la”. Ela ainda diz que devido a este período fora do país, esta profissional recrutada aperfeiçoou e aprendeu técnicas com as quais os atuantes no Brasil não tiveram contato.

Normalmente, a receptividade de empresas nacionais aumenta no retorno de uma viagem internacional. Mas isto pode variar, dependendo do tipo de experiência que a pessoa tiver. O que as organizações irão buscar é o conhecimento necessário para o desempenho da função desejada. Então, muitos têm experiência fora, mas não atingem o que o mercado exige. Quando a pessoa vai para o exterior, deve analisar que irá deixar esfriar seu networking local e pode vivenciar situações que não sejam tão relevantes para seu dia-a-dia no país natal quando estiver de volta. No exterior, é importante buscar atividades equivalentes ou que tenham, ao menos, um mínimo de relação com o cargo exercido no país natal.

“Se a pessoa quer ir para Portugal, por exemplo. Este país tem como ponto forte a indústria do turismo, então se tem planos a longo prazo em atuar nesta área, esta seria uma ótima oportunidade de viajar”, explica John Schulz, sócio-fundador da Brazilian Business School, escola de negócios que oferece programas executivos. Mas o executivo alerta que se o profissonal, no futuro, quer atuar no mercado financeiro, iria aprender muito menos nesta situação, pois Portugal neste quesito é menos complexo do que o próprio Brasil.

Nem sempre qualquer passagem no exterior é indicada ser citada em um processo de seleção. Raquel Bianchi diz que as vivências relacionadas à carreira do profissional merecem maior destaque, mas acredita que seja válido citar viagens ao exterior, pois ainda que sem um objetivo profissional, ter contato com uma cultura diferente da habitual transmite aprendizados importantes que podem fazer a diferença no desempenho profissional. John Schulz discorda: “cada vez menos é necessário colocar experiências não-profissionais. Para quem está começando a carreira, relatos fora da esfera de trabalho podem ser úteis. Já para quem está no mercado há bastante tempo, indica-se evitar estas citações pessoais”.

Idioma ainda faz a diferença

Entre ter contato com uma nova língua e ter a experiência no exterior, a primeira opção ainda é a mais levada em conta. “Já vi muita gente perder oportunidade por falta de domínio em língua estrangeira, mas nunca vi perder uma vaga por falta de vivência internacional”, relata Schulz.

Claro que a experiência no exterior é um elemento a mais, mas, de modo geral, apenas a questão da língua se torna eliminatória na hora da seleção.

Fonte: Jornal Carreira & Sucesso

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