terça-feira, 18 de outubro de 2011

“Nossa meta é óbito zero” - Por Karina Monnerat

Oito meses após a tragédia das chuvas que atingiu a região serrana, principalmente o município de Nova Friburgo, o secretário de Governo, José Ricardo Carvalho de Lima, fez um balanço sobre os trabalhos realizados pela Prefeitura durante esse período e explicou como a cidade se prepara para as chuvas que se aproximam.

O secretário também comentou sobre as denúncias de irregularidades na contratação de empresas para a realização das obras de emergência. Segundo ele, as fiscalizações são pertinentes, mas foram utilizadas em um contexto que promoveu ações e questões que prejudicaram o processo de reconstrução da cidade e geraram uma imagem negativa para Nova Friburgo. José Ricardo afirmou ainda que as denúncias não procedem. “Nós fomos condenados antes do processo correr, a imprensa de um modo geral e determinados seguimentos resolveram que as pessoas que aqui estavam não procederam de forma correta. Se fala em suspeitas mas até agora, de acordo com nosso conhecimento, não confirmaram nada”, explicou o secretário.

José Ricardo falou também sobre a CPI instaurada pela Câmara Municipal. Para ele o Legislativo deveria concentrar seus esforços em ações positivas para a recuperação do município, tendo em vista que a fiscalização da utilização da verba de R$ 10 milhões já está sendo feita pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual. “A Câmara Municipal até agora não progrediu em nada relativo à contribuição de reconstrução da cidade, ela vem nesse processo de CPI que ao meu ver até agora só trouxe prejuízo para o município. É um exercício de atribuição deles, mas deveria ser repensado, ter tido um caminho positivo. Um órgão maior já está fazendo essa investigação, para que despender energia sobre isso?”, questionou o secretário que garantiu que a Prefeitura vai esclarecer todos os pontos que estão sob investigação.

O secretário de Governo falou ainda sobre as obras realizadas, recursos públicos e ações que o município pretende tomar para evitar que uma nova catástofre aconteça.

Nova Imprensa: Oito meses após a tragédia o que foi feito no município?

José Ricardo Carvalho de Lima: A administração pública vem se esmerando para conquistar o maior número de verbas possíveis no sentido da reconstrução da cidade. O Governo do Estado assumiu boa parte disso e está incumbido de providenciar tudo relacionado à encostas que foram iniciadas em oito pontos da cidade. O município também tem se preocupado bastante com a questão da drenagem, nós preparamos projetos relativos a isso e estamos em Brasília com uma sinalização bastante positiva. Nos foi condicionada a apresentação de projetos para a liberação de verbas e nós, em tempo mais do que recorde, porque estamos falando de drenagem da cidade inteira, conseguimos a elaboração desses projetos e estamos na próxima semana apresentando em Brasília. Obras também estão sendo providenciadas pelo próprio município, ainda que em pequena escala porque o orçamento não permite que a gente consiga avançar tanto nesse campo, tendo em vista que não havia nenhuma previsão orçamentária nem financeira para esse contingente de acontecimentos que tivemos que administrar. Paralelo a isso, a Prefeitura está investindo firmemente em equipamentos para a Defesa Civil, providenciamos uma melhoria física no espaço na sede, estamos cuidando das contratações de geólogos, que é uma necessidade, conseguimos alguns equipamentos e veículos e estamos em fase de compra de inúmeros materiais. Além disso, estamos capacitando os moradores e vamos iniciar também com todo o pessoal da prefeitura uma capacitação nesse plano, assim como plano emergencial especial com relação a nossa guarda municipal e nossos agentes de saúde. Também dentro desse planejamento, já estamos preparando a cidade para o período de chuvas no sentindo de estrategicamente termos suprimentos nos pontos que são eleitos como alojamento e abrigos. Equipamentos da secretaria de obras vão estar alocados em pontos estratégicos, vamos ter equipes de limpeza, porque a gente sabe muito bem que é inevitável que não haja escorregamento de dejetos, de todas essas encostas abertas que não foram alcançadas com intervenções ainda. A gente sabe que isso pode causar a obstrução de drenagem da cidade, então a gente tem um contingente de preparação de equipes que estarão atuando nessas áreas. De forma geral, estamos tentado estabelecer que a administração seja firme no propósito de ver essa cidade progredir.

NI: Quais obras efetivamente a Prefeitura realizou nesses períodos?

José Ricardo: São inúmeras obras, algumas galerias foram restauradas, algumas estão em fase de licitação. Modificamos vários convênios que estavam direcionados a obras que a gente considera importante, mas que de certa forma poderão esperar. As prioridades continuam sendo muros de contenção e galerias de água. Tudo está sendo reformulado, despende de refazer projetos e rever convênios para que possamos trazer o mais pertinente em virtude da catástrofe.

NI: Com relação à limpeza dos bueiros, está sendo feita de maneira superficial ou as tubulações e galerias também estão sendo limpas?

José Ricardo: Estamos fazendo aquilo que é possível dentro das galerias, visto que a situação de drenagem é a que mais nos preocupa. Além disso, a gente tem muita preocupação com as pedras que permanecem em risco nas encostas, nós estamos tomando providências para caminharmos em conjunto com os departamentos específicos de órgãos públicos como o DRM, o próprio Ministério Público que vêm traçando uma empreitada conosco para essa prevenção.

NI: As obras realizadas na contenção de encostas serão suficientes para evitar novos deslizamentos?

José Ricardo: É muito difícil prever o que virá, mas os prognósticos dos órgãos climáticos não apontam um evento da mesma proporção em Nova Friburgo. Mas é impossível você dizer que nada vai acontecer. A gente espera sim alguns eventos e estamos tentando prevenir isso da melhor maneira possível. Tudo aquilo que se falou de grandes desabamentos, os órgãos e os departamentos que atuam em cima desses estudos têm nos tranquilizado bastante. A atuação do município está no plano de emergência, na vigília para alocar equipamentos e equipes de limpeza e, nesse sentido, trazer a tranquilidade que a população precisa para esse período de chuvas.

NI: Esse sistema de alerta e alarme que está sendo implantado através da Defesa Civil será suficiente para evitar que novas pessoas sejam vítimas das chuvas?

José Ricardo: Nossa meta é óbito zero. Com a implantação do sistema de alerta, queremos realmente que as comunidades estejam capacitadas para se retirarem de locais de risco, se for apontado perigo iminente pelos órgãos que nos municiam de informações. Não queremos ter notícias de vítimas fatais, essa é nossa pretensão. Nesta semana mesmo já tivemos outras rodadas de reuniões para preparação das comunidades e esperamos que sejam confirmados os simulados que iniciarão no bairro Vilage e se desdobrarão para as demais localidades que apontam maior necessidade.

NI: Em relação ao produto de impermeabilização de superfícies e que pode evitar a erosão de encostas no período de chuvas, a Prefeitura pensa em adotar esse procedimento?

José Ricardo: Sim. A gente tem algumas metodologias e técnicas que fazem essa prevenção e isso tudo está sendo estudado. Temos o capim Vetiver que também é uma solução, então isso tudo está sendo estudo e há a possibilidade de utilização não só do gel, mas como de vários outros métodos. Vamos tentar utilizar o máximo de alternativas para contribuir na prevenção de uma nova catástrofe.

Fonte: Nova Imprensa

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